No final do ano passado publiquei meu livro Vida de Rico sem Patrimônio. Há poucos dias fui entrevistado pela Folha de São Paulo sobre o livro. Destaco algumas passagens, mas a entevista inteira pode ser lida no site da Folha.

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FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

09/04/2016 02h00

Folha – Por que o sr. dá orientações diferentes do que a maioria dos autores de finanças pessoais brasileiros?

Rodrigo Zeidan – Autores de finanças são, em sua maioria, conservadores, assim como a maioria das pessoas. Isso significa uma aversão a risco que é passada em seus livros.

É muito difícil explicar, para quem viveu as crises brasileiras, que é possível uma visão otimista de mundo, mesmo diante de uma crise. Por isso escrevi um livro sobre isso, pois ele foge do lugar comum de que o futuro só representa ameaças.

A minha visão é racional e segue teóricos e dados sobre como as famílias evoluem ao longo do tempo. Olhei muito a minha família e a de amigos e como as pessoas são presas a dinheiro como fim em si.

Um exemplo: uma mãe de amigo meu, médica competente e com clínica bem-sucedida, ficava sempre me perguntando sobre que investimentos ela devia fazer para se precaver quanto ao futuro. Ela já tinha muito dinheiro guardado, propriedades e, além disso, não pretendia se aposentar nunca! Ou seja, tinha que pensar em usar seu dinheiro, e não acumular mais. O Brasil faz com que as pessoas queiram ser meio tio Patinhas, juntando e juntando, sem nunca usufruir.

O sr. sugere que as pessoas façam dívidas enquanto jovens. Mas a juventude não seria, em muitos casos, justamente o momento em que se pode investir em ativos mais arriscados, por se ter poucas responsabilidades?

Não há ativo melhor para se arriscar do que em si mesmo. Com certeza, quando se é jovem é hora de arriscar, mas isso não significa somente risco em ativos financeiros. Uma dívida que represente mais estudo ou mesmo mais prazer também é uma forma de se arriscar.

Por volta dos 35 anos, quando se deve chegar ao pico de renda, não é o momento em que os gastos estão mais altos (chegam os filhos, por exemplo)?Por que não considera uma temeridade começar a pagar as dívidas e a investir apenas neste momento?

Filhos não necessariamente representam custos mais altos. As dívidas que foram feitas são, em parte, para pagar um custo de vida mais elevado. Achegada dos filhos simplesmente transfere a busca de gastos individuais para coletivos, mas não necessariamente significa que as pessoas estariam gastando mais.

É importante anotar todos os gastos em uma planilha?

Não. Dinheiro é meio, não fim. Quando contamos cada centavo numa planilha, damos muito mais importância ao dinheiro do que ele tem.