Minha nova coluna na Folha de São Paulo é quinzenal e a primeira foi publicada no dia 13 de janeiro, com o título de “Todos os problemas do Brasil advêm da violência e da falta de mobilidade social“.
O objetivo da nova coluna é mostrar exemplos de políticas públicas do mundo e as lições que podemos tirar delas. Devo escrever sobre reforma fiscal na Índia, mercado de trabalho na Dinamarca, abertura comercial no Chile e muito mais. Quem acompanha esse site sabe que não há soluções fáceis para os problemas do Brasil. Elas são tentadoras: “Não há déficit da previdência”. “Basta desvalorizar o câmbio que saíremos da crise”. “Precisamos valorizar os professores”. Infelizmente, devemos encarar a realidade. Nossos problemas são complexos e as restrições orçamentárias são reais. O déficit da previdência só vai aumentar se não fizermos nada e a taxa de câmbio é o resultado do desempenho relativo da economia brasileira; com o nosso modelo atual não há muito o que se fazer e o câmbio não pode ser usado como instrumento de política econômica. É muito bonito falar que devemos valorizar os professores, mas o que realmente isso significa?
Na primeira coluna tento mostrar que a violência e falta de mobilidade social são realmente os únicos problemas do país. Todos os outros problemas brasileiros são decorrentes destes. Por exemplo, investimos mal (mas não pouco) em educação. E isso gera menor mobilidade social. Assim, qualquer solução para nossas mazelas não vai ter efeito instantâneo. No caso da educação, se conseguíssemos implementar um modelo decente o resultado só começaria a aparecer em dez anos. Mas o fato de que os obstáculos são gigantescos não nos exime de tentarmos. Temos que fugir da armadilha da classe média, mesmo que isso vá demorar 20 anos. Se nada fizermos, continuaremos a ser o país do futuro. Que nunca vai chegar.
Legal saber dessa coluna, os leitores de língua portuguesa vão agradecer. Mas seria armadilha da classe média ou de sermos um país de renda média?
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Eu chamo de armadilha da classe media mesmo. O pais chega ate a classe media e para. Nao eh a traducao literal de “middle-income trap” pq aqui nunca usamos renda media e sim classe media para descrever quem estah na mediana da distribuicao de renda. O Brasil eh um pais de classe media (onde a maioria das pessoas nao sao pobres, em PPP, mas tb nao ricos).
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Prezado Sr. Rodrigo Zeidan,
Li com atenção o seu artigo de hoje na Folha de S. Paulo “Lei de Jante e conflito civilizatório” e, como sempre, dele tirei boas lições sobre aspectos originais da Ciência Econômica.
Ao final do artigo, contudo, há uma comparação que gostaria de comentar; trata-se do seguinte trecho:
“Numa campanha para presidente na qual um dos principais candidatos parece ter a inteligência de um chimpanzé e se comporta como tal, atirando excrementos para todos os lados, a busca por soluções que nos una a todos, em vez de nos dividir, deveria ser uma de nossas prioridades.”
Já fiz essa pergunta para muitas outras pessoas: que moral temos nós, seres humanos, para tratá-los como seres portadores de comportamentos abjetos? Toda a grande literatura de todos os tempos e lugares não mostrou, justamente, que são os seres humanos que têm um lado sombrio, que é objeto continuado e inconcluso de investigação pela filosofia, pela psicologia, pelas Humanidades em geral e pelas artes?
Todas as comparações não deveriam, contrariamente, mostrar os outros animais como vítimas desse ser hominídeo sombrio?
Além do mais, a exposição dos outros animais como seres merecedores do nosso desprezo só dá fundamento e deixa-os ainda mais expostos às violências de todo tipo que fartamente conhecemos.
As suas reflexões, principalmente no jornal de maior circulação do país, têm grande valia e repercussão, razão pela qual devem ser cautelosas, mesmo naquilo que extrapolem o campo propriamente econômico.
Atenciosamente,
Paulo Matsushita.
Jundiaí – SP
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